Entre o 'Te Amo' e a Alma: Sobre Amor e Vulnerabilidade

Esta é uma reflexão profunda sobre amor, vulnerabilidade e autoconhecimento. A partir de um gesto simples e genuíno de carinho, a autora mergulha em questionamentos sobre como recebemos e percebemos o amor em diferentes contextos. O texto também explora as diferenças entre homens e mulheres na forma de se relacionar, o impacto da liberdade feminina e as ilusões criadas no mundo dos relacionamentos. Com honestidade e sensibilidade, a autora compartilha sua jornada de amadurecimento emocional, reconhecendo padrões, medos e crenças que a afastavam do amor verdadeiro. Uma leitura que convida à introspecção e ao despertar para relações mais autênticas e conscientes.

RELAÇÃO AMOROSACONEXÃOAUTOCONHECIMENTO

3/1/20255 min read

Alguns anos atrás trabalhei como freelancer fixa numa lanchonete perto da casa onde morava. Era balconista e servia choppe. Fazia a conexão entre os clientes e a cozinha. Lá trabalhava comigo uma senhora de 76 anos, como cozinheira.

Um dia, ao sair do trabalho, no fechamento da lanchonete, eu e ela estávamos nos despedindo, e ela disse sorrindo: “Te amo.” Eu achei que tinha ouvido errado e perguntei: “O quê?” Ela respondeu sorrindo: “Te amo!” E eu quase chorei. Fui correndo abraçá-la.

Como a gente se perdeu, não é?
Precisamos urgentemente demonstrar mais amor!

Confesso que me assustei quando entendi que era um “Te amo”. Imediatamente, minha mente entrou em modo de defesa: “Não pode falar ‘te amo’”, uma crença de que não se pode ser vulnerável. Mas ela é uma senhora, poderia ser minha bisavó. Como não receber o amor dessa forma?

As pessoas não vão corresponder às nossas expectativas, mas isso não impede de receber o amor que elas têm para dar.

Isso me fez refletir sobre quantas vezes neguei o amor dos outros por julgamentos e medo de ficar vulnerável. Receber amor não é fácil, é se permitir ser tocado na alma, e isso pode curar ou ferir. Mas cresci o suficiente para conseguir me curar novamente, se necessário. Então, posso correr o risco de receber amor e me sentir vulnerável.

Não há conexão sem vulnerabilidade.

Se esse “Eu te amo” tivesse vindo de um homem, eu entraria no modo de defesa. “Ele quer me usar, está falando isso para me enganar, ele não sabe o que realmente é amor, ou quer me levar para a cama e depois sumir...”

Se esse “Eu te amo” tivesse vindo de uma mulher mais nova, eu teria ficado em dúvida sobre a veracidade disso. “Ela realmente sabe o que é amor? Por que disse ‘Eu te amo’ tão cedo? Será que quer me manipular? Será que tem desejo sexual por mim?”

Mas foi uma senhora, que poderia ser minha bisavó. Então, meu ego não teve desculpas, não teve como recusar essa expressão de amor, porque não tinha onde me esconder. Vou me esconder atrás de qual julgamento ou medo diante de uma senhora? Seria ridículo.

Então, pela forma como o amor foi expresso, através de uma senhorinha, eu me permiti receber. E foi tão lindo, tão puro e genuíno. E o melhor de tudo: sem expectativas ou cobranças. Ela disse “Eu te amo”, e foi apenas uma expressão do carinho dela por mim. E é isso. Isso não faz ela me dever nada, nem eu a ela. Claro que eu adoraria poder retribuir esse gesto de amor, mas não há cobranças.

Então, por que, se fosse vindo de um homem, esse “Eu te amo” traria tanto peso, julgamentos, cobranças e expectativas irreais? E se fosse de uma mulher mais nova, também, só que em menor proporção?

Sabe, eu já sofri muito buscando um parceiro amoroso, e sei que muitas mulheres também. E por tanto sofrer nesta busca amorosa, acabei me fechando para o amor das pessoas como um todo.

No geral, os homens veem o sexo como uma expressão de sua liberdade; eles separam muito bem sexo de amor. As mulheres, não. As mulheres amam através do sexo, mesmo aquelas que dizem não querer nada e não se envolver. Está na nossa ancestralidade, nosso sangue.

E, por amar através do sexo, as mulheres precisam se resguardar.

E isso é difícil de dizer hoje em dia, na era em que as mulheres buscam liberdade e acham que a liberdade feminina será igual à masculina. Mas não é. Homens e mulheres têm necessidades diferentes e buscam coisas diferentes.

Enquanto homens buscam sexo, mulheres buscam conexão.

A liberdade da mulher é sobre ser independente financeiramente e no seu ir e vir. Ter o prazer de ir onde quiser, construir amizades com quem quiser, poder comprar seu carro, sua casa, viajar, sem depender financeiramente de um homem para isso. A liberdade da mulher se dá muito mais pelo lado financeiro do que pelo sexual.

A mulher não desfruta do sexo livre da mesma forma que o homem.

Mas eu descobri isso depois de muito me frustrar tentando conquistar algum homem através do sexo. E, por isso mesmo, não julgo mulheres que defendem o sexo livre. A gente vai “transando” e se machucando emocionalmente até entender que esse não é o caminho.

Já fazem uns dois anos que decidi parar de “ficar”. Percebi que ficar e namorar são coisas diferentes. O namoro é uma construção que exige compromisso. O ficar é um prazer imediato. Quem busca ficar não quer se comprometer nem ter o trabalho de construir uma relação ao longo do tempo. Busca apenas a satisfação de um prazer momentâneo. É isso.

Então, não é que a pessoa seja ruim, é apenas o atual momento de vida, o estado de consciência, que a faz agir assim.

Esse simples gesto da senhorinha, ao me dizer “Eu te amo”, me trouxe profundas reflexões. Eu me abri para receber amor através dela. E, hoje, sei observar e filtrar os homens muito bem, reconhecendo e distinguindo entre quem quer prazer imediato e quem está disposto e desejoso de construir uma relação. São coisas bem diferentes.

Afinal, o prazer do namoro vem ao longo do tempo e exige renúncias. Um namoro de verdade exige uma boa dose de maturidade. Se não for assim, é apenas uma “ficada mais longa”.

E tem muitas pessoas achando que estão namorando, quando, na verdade, é apenas um ficar demorado, sem compromisso real, com palavras vazias, sem atos concretos e com traições nas entrelinhas...
Traição do tempo.
Traição da disponibilidade.
Traição da valorização e do reconhecimento do parceiro...

A culpa não é do amor. A culpa é da nossa imaturidade. E reconhecer isso é bom.

Se eu posso mudar, e se quando eu mudo tudo muda, então eu estou no controle dessa situação. Eu escolho mudar e melhorar um pouco a cada dia. E, um dia, vou chegar nesse lugar — ou melhor, nesse estado de consciência — onde poderei desfrutar da construção de uma relação amorosa de fato.

Enquanto esse dia não chega, eu vou aprendendo a amar, a ser vulnerável, começando pelas senhorinhas, depois pelas mulheres mais novas e, finalmente, aos homens. E, nesse caso, me permitir amar é ir removendo meus medos, inseguranças, expectativas e julgamentos sobre o outro, para o receber como realmente é.

Com amor,
Angélica.

Angélica L. Azambuja

Terapeuta Oraculista formada em Psicologia e Professora de Autoconhecimento com mais de 10 anos de experiência na área, pronta para guiar você em uma jornada de transformação autêntica e profunda.

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